A crise administrativa a que Cabo Frio está mergulhada, fruto deste modelo perverso a que fomos submetidos nos últimos treze anos, chega, agora, com toda força a Educação, sobretudo com a possibilidade aventada de estadualização dos colégios municipais de ensino médio, perpetuando o anúncio do fracasso total de um governo.
Entretanto, não podemos ficar inertes. Nossos alunos não podem sair às ruas sozinhos para defender um patrimônio de toda a sociedade cabo-friense.
A grande verdade é que a Secretaria de Educação Municipal perdeu o controle do processo educacional, pois a gestão, realizada nos últimos dez anos, esteve voltada prioritariamente às obras e “empreiteiros” – que muitas vezes executavam serviços sem que a Escola fosse consultada quanto à sua prioridade. Isso quando, de acordo com vários casos, nem os terminava ou nem os fazia bem feito – simplesmente para privilegiar terceiros envolvidos com lucros.
Numa mostra de falta de planejamento, temos, hoje, cerca de 38 mil vagas disponíveis na rede de ensino fundamental, com apenas 35 mil alunos matriculados, em confronto com um déficit inimaginável na educação infantil – fato que leva o Ministério Público, em cumprimento à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a pressionar o município a abrir vagas neste segmento.
Para agravar a situação, a nossa rede tem, somente na Educação, os números de 700 professores efetivos para 1200 contratados, sendo os recursos do FUNDEB utilizados, na sua totalidade, para o pagamento de “folha”, nada restando para o investimento na capacitação e qualidade do ensino. Como resultado triste, temos umas das piores avaliações do IDEB no Estado – índice que mede a qualidade de ensino na Educação Básica.
O governo brincou de fazer Educação e, agora, propõe a estadualização do Ensino Médio, como alternativa. É preciso que a nossa sociedade reaja, pois não temos que aceitar. Os custos podem ser reduzidos com a demissão de funcionários “fantasmas” e cargos comissionados desnecessários. Mas não com o corte na Educação. Principalmente, em Instituições como o Rui, o Elza e o Marli Capp, que nos honram com seu resultado diferenciado, em relação a muitas outras instituições, no próprio IDEB.
A Lei maior da Educação não impede o município de investir no Ensino Médio, apenas determina que ele venha a dar atendimento prioritário à educação infantil e ao ensino fundamental. Desta maneira, num município rico como o nosso, é possível fazer as duas coisas. Mas, se nossos governantes são incompetentes para fazê-lo, que se demitam. Só não destruam um patrimônio popular tão rico.
* Jânio Mendes: professor, advogado, pós-graduado em Administração Pública. Cumpriu quatro mandatos como vereador em Cabo Frio. Hoje, é Secretário de Finanças em Armação dos Búzios e Presidente do PDT-Cabo Frio.
Bom saber que não se está sozinho em defesa da escola pública de qualidade. Parabéns pelo texto e pelo exemplo em sua prática política.
ResponderExcluirObrigada Jânio, por mais este posicionamento ao lado do povo de Cabo Frio. Honra suas origens e seus professores.
ResponderExcluir